Amor de bar...

09/12/2022

Marcos se apaixonou por ela. Foi uma espécie de amor à primeira vista. Ele estava sentado em uma mesa no fundo do bar, quando ela chegou, dentro de uma calça jeans e uma blusinha branca. Ela tinha o cabelo escorrido até pouco abaixo dos ombros, uma pele branca como a neve, e sardas que dançam em suas bochechas. Seus cabelos eram vermelhos como o fogo e seu olhar jovial como o nascer do sol em uma praia deserta.

Por um instante enquanto tragava com intensidade o copo de cerveja, Marcos ficou imaginando o cheiro dela. Imaginou como seria acordar todas as manhãs ao lado de uma beldade como aquela.

Os colegas na mesa conversavam sobre futebol e política. Ele concordava com tudo. Sua mente não estava mais ali. Desde que ela entrou, Marcos não conseguia mais desviar daquela mulher exuberante, que sorrida e mordia levemente os lábios após cada gole de chope que ela tomava.

A muvuca formada pelos grupinhos que se reuniam em torno das mesas não lhe permitia ouvir a voz dela, mas olhando para um anjo como aquele, ele tinha certeza ela tinha voz de sereia. Uma voz que se ele ouvisse uma única vez ficaria à mercê dos encantos dela para sempre.

Ele se imaginou apresentando aquela mulher para sua ex. Sua ex não era feia, muito pelo contrário, era bonita, mas não chegava aos pés da ruiva do bar. Ele ficou casado por apenas três anos. Teve um divórcio traumático. Perdeu metade do pouco que tinha e hoje dormia em um quarto emprestado na casa de um amigo. Não é que ele não tivesse condições de locar um apartamento, mas como o amigo estava morando sozinho e ele tinha um plano de juntar o máximo de dinheiro que pudesse nos próximo cinco anos para ir viver no litoral, optou por morar com o amigo que não lhe cobrava aluguel.

Imaginou-se na praia tomando um mojito, com aquela linda mulher sentada ao seu lado, dentro de um biquíni branco, com um chapéu de palha, daqueles de ambas largas. Era a vida que ele queria. Naquele momento, olhando para ela, era o que ele queria. Aquela ruiva era a mulher que ele sempre sonhou.

Lembrou até do primo Gaspar, um esnobe que casou com a filha de um fazendeiro no Mato Grosso e quando aparecia ficava gabando-se da vida boa que levava. Ele daria de dez no Gaspar quando começasse a contar as suas loucuras sexuais no litoral com aquela ruiva que era sonho de todos os homens.

Loucuras sexuais, ele pensou, e passou a imaginar como seria fazer amor com aquela ruiva. Seria um passo mágico em direção ao paraíso. Certamente que seria. Ele imaginou ela despida. Como seria lindo ver aquele corpo perfeito, nu e cheio de amor para dar.

Ela levantou no outro lado do bar. Deve ir no banheiro. Ele imaginou. Ela olhou para ele. Ele jura que viu ela olhando para ele. Ela sorriu. Sorriso perfeito. O coração dele bateu mais forte.

Marcos levantou. Ela fez um gesto com a mão o chamando. Ele olhou para os lados para se certificar de que era mesmo o alvo dos gestos dela. Teve certeza que sim. Caminhou lentamente, se esquivando entre os demais presentes, sempre olhando para ela e sorrindo. Ela olhava e sorria de volta. A cada passo que dava, ele tinha certeza que aquilo era o que as pessoas chamavam de química e que ela também tinha sentido. Quando ele chegou a dois passos dela, ela virou, olhou para a amiga, e disse:

- Já que o garçom está me ignorando, paguem a conta e me cobrem amanhã.

Marcos paralisou. Ela beijou as amigas no rosto e caminhou para fora e foi de encontro a um homem bem-vestido que esperava do lado de uma daquelas motos potentes. Ela o beijou apaixonadamente, eles colocaram os capacetes, subiram na moto e sumiram de suas vistas.

Naquela noite ele chorou e decidiu que usaria o dinheiro para comprar uma moto. Morar no litoral não importava mais.